– O que é isso sobre a mesa?
– Um telefone.
– Serve para quê?
– Permite que qualquer pessoa, mesmo a milhares de quilômetros desta sala, interrompa uma
reunião como a nossa.
– Está fazendo um barulho estridente.
– Alguém está chamando. Por favor, deixe-me atender. Dá um minuto.
– Como se atende?
– Basta tirar o fone do gancho e responder algo do tipo...“Alô”. A outra pessoa vai perceber que você atendeu e começará a falar sobre o que quiser.
– Não, não pode. Precisamos terminar a reunião, tenho outra marcada em meia hora.
– Antes eu vou atender. Em seguida nós continuamos. É um minuto.
– E se o seu interlocutor quiser falar por mais do que um minuto?
– Sei lá, mando parar, digo que conversamos depois. Vou atender, um instante.
– Você não vai tocar nesse negócio.
– Por quê?
– Simplesmente porque eu já estou aqui. Deve dar preferência a mim. Há um sujeito fora desta sala que vai quebrar o meu raciocínio sobre o assunto. E ele sequer marcou horário na sua agenda. Talvez não te conheça ou nem se importe com você. A quantos quilômetros daqui está essa pessoa?
– Não interessa a distância. O importante é a mensagem que podemos receber pelo telefone.
– Uma mensagem que chega por um aparelho desses não pode ser importante.
– Como você sabe?
– Se fosse tão importante assim, a pessoa teria vindo aqui falar com você. Como eu estou fazendo.
– Isso não tem nada a ver. Ela pode estar muito longe, sem conseguir chegar a tempo de dar o recado que deseja, com a devida urgência.
– Você não tem clientes fora da cidade e toda a sua família mora no mesmo bairro. Esse risco é igual a zero.
– Está enganado. Posso ter sido, enfim, descoberto pelo mundo. As melhores oportunidades surgem quando menos se imagina. O meu potencial está espalhado por aí, a minha vocação é para a fama. Sou inteligente, bonito, sagaz. A Europa quer exemplos de vida assim. O Japão, a China. É possível que seja uma ligação da Austrália, eu vou atender agora!
– Para te ligar da Austrália só se for um canguru. Os australianos estão preocupados com outras questões. Vamos continuar a reunião.
– O telefone parou de tocar! O telefone parou de parou de tocar! Eu não acredito! Quem terá ligado?
– Isso é para aprender a valorizar as pessoas ao seu lado, cada momento que está vivendo. Sentir a essência humana, as emoções, a alma dos seres vivos que estão próximos. Tornar-se um homem mais compreensivo, senhor da sua realidade e do seu tempo. Você não pode se deixar escravizar por um negócio desses. Onde já se viu? Pessoas que nem estão nesta sala. A filosofia oriental explica que...
– Está tocando de novo! Eu vou atender, eu vou atender...
– Não vai, não. Tenho uma reunião em meia hora. Vamos voltar logo ao assunto. Hoje o dia está cheio.
– Você não vai me impedir de atender.
(o homem que desejava atender – sim, ele estava incontrolável – tira o telefone sem fio do gancho e sai correndo para a sala ao lado, mas volta rapidamente. Aquele que ficou esperando é o primeiro a retomar a conversa)
– Quem era?
– Engano.
Foto do leitor
Envie a sua foto de janela para olhanajanela@gmail.com. Não se esqueça de escrever o nome completo do autor do clique e, se possível, a data de quando a imagem foi registrada (dia/mês/ano ou mês/ano). Caso a foto tenha alguma história, fique à vontade para contar.
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O ângulo foi observado no fim da tarde de um desses domingos de novembro, pouco antes do encontro de um bloco tradicional de Maracatu e outro de Frevo, em Olinda, Pernambuco.
– A tranqüilidade da cena não durou muito. Pouco depois de eu tirar a foto, um dos blocos surgiu, a bagunça se instalou e a calma imagem dessas janelas desapareceu, contou o leitor Celso Nesanelowicz, autor do registro.
sábado, 20 de dezembro de 2008
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Um comentário:
Olá vi seu e-mail no clube, tenho um blog também sobre poesias e outros. Se quiser visitar http://monicacoronel.blogspot.com/. Bom saber que outros membros do Clube têm blog com o mesmo propósito, ou parecido. abraços. Monica
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