quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Olha para o relógio

Olha para o relógio. Só tem olhos para o relógio. Acabou a hora do almoço, continua o expediente. Olha para o computador. E tem um relógio. Olha para o telefone. E tem um relógio. Olha para o painel do automóvel. E tem um relógio. Olha para a reunião em atraso, o compromisso perdido. E tem um relógio.

Olha para o amor dedicado, a amizade construída, o domingo alegre, o encontro em família, a busca do sonho, a paixão conquistada, o caloroso abraço, a viagem de férias, o lanche da tarde, o bolo da avó, o aniversário no play, o porta-retrato, a brisa na praia, o pique-pega, o pique-esconde, a história do tio que nasceu na Polônia. E tem um relógio.

Você tem três segundos para tirar a diferença. Você tem cinco minutos para comer um salgado. Você tem quinze minutos para me esperar na portaria do prédio. Você tem quatro horas para fazer a prova. Você tem doze horas para aguardar o avião. Você tem sete dias para tirar férias. Você tem dois dias para preparar sua roupa. Você tem quatro meses para mudar este quadro. Você tem nove meses para esperar a criança.

Quem vai correr na contramão do tempo? Quem vai ser contra a mão do tempo? Quem é que dita o tempo? Quem é que escolhe o tempo? Por que se há de fazer tudo dentro desse tempo?

Olha para o relógio. Só tem olhos para o relógio. Acabou o ano, continua a vida. Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um. Olha para futuro. E tem um relógio. Olha para o vizinho. E tem um relógio. Olha para o jornal. E tem um relógio. Olha para o orgasmo. E tem um relógio. Olha para as leis. E tem um relógio.

Olha para as empresas, a economia, o mandato presidencial, a crise americana, o homem no espaço, o bolso vazio, a fila do emprego, a fila do ônibus, o centro da cidade, o centro do universo, a operação complicada, a sala de espera, a carreira escolhida, o prazer conquistado, a beleza do corpo, a beleza da alma, a felicidade eterna. E tem um relógio.

Você tem três milênios para trazer um messias. Você tem cinco séculos para devastar um continente. Você tem quarenta anos para lançar um satélite. Você tem dez anos para quebrar um recorde. Você tem doze meses para recriar a floresta. Você tem cinco meses para despoluir o lago. Você tem duas semanas para mudar o comportamento. Você tem nove dias para vencer o jogo. Você tem uma hora para gozar como nunca.

E aos vinte, quarenta, setenta, noventa anos? O que teremos feito? Aonde teremos chegado?

Mensagens urbanas

Sobre o post Mensagens, publicado no dia 14 de dezembro, o leitor Rodrigo Mansur escolheu a sua frase preferida, justificando:

– Sem dúvida, é “Sorria! Você Está Sendo Filmado". Mais do que um eterno lembrete da solução Big Brother contra a violência urbana, esta mensagem apresenta um profundo sentido. O aviso de que estamos sendo filmados pode ser entendido como um reforço coletivo à consciência individual. Se tivéssemos a consciência de que estamos sendo vistos constantemente, com certeza levaríamos uma vida muito mais consciente, muito mais regrada, muito mais simples, muito mais tranquila... muito mais... muito mais... muito mais sem graça! – Rodrigo completou:

– O comando "Sorria!" nos lembra da necessidade diária de enfrentar os obstáculos cotidianos com sentimentos positivos, tal qual o best-seller de auto-ajuda "O Segredo", só que muito mais resumido. Quase um Profeta Gentileza em versão de bolso.

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Se a imagem de uma pessoa aparece no jornal ou na TV, possivelmente teremos a curiosidade de procurar saber de quem se trata. É famosa? Faz novelas? Descobriu uma fórmula secreta? Cometeu um crime? Salvou uma vida? Ganhou dinheiro?

Pois a foto do post anterior é de um edifício que nada tem de especial. Não se justificaria não fosse o fato de eu tê-la em minha coleção de imagens. Está aí por ser um prédio (e ter janelas, diga-se), entre tantos. Por eu considerar hora de destacar algo cuja característica mais marcante é, simplesmente, ser anônimo como a maioria. E nem por isso desinteressante.

São janelas de um prédio da rua Alcindo Guanabara, na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro. Foto de outubro deste ano.

Boas Festas

Boas Festas a todos!!! Feliz Natal, Feliz Chanuká!!! Muitas alegrias e conquistas no próximo ano!

sábado, 20 de dezembro de 2008

O telefone

– O que é isso sobre a mesa?

– Um telefone.

– Serve para quê?

– Permite que qualquer pessoa, mesmo a milhares de quilômetros desta sala, interrompa uma
reunião como a nossa.

– Está fazendo um barulho estridente.

– Alguém está chamando. Por favor, deixe-me atender. Dá um minuto.

– Como se atende?

– Basta tirar o fone do gancho e responder algo do tipo...“Alô”. A outra pessoa vai perceber que você atendeu e começará a falar sobre o que quiser.

– Não, não pode. Precisamos terminar a reunião, tenho outra marcada em meia hora.

– Antes eu vou atender. Em seguida nós continuamos. É um minuto.

– E se o seu interlocutor quiser falar por mais do que um minuto?

– Sei lá, mando parar, digo que conversamos depois. Vou atender, um instante.

– Você não vai tocar nesse negócio.

– Por quê?

– Simplesmente porque eu já estou aqui. Deve dar preferência a mim. Há um sujeito fora desta sala que vai quebrar o meu raciocínio sobre o assunto. E ele sequer marcou horário na sua agenda. Talvez não te conheça ou nem se importe com você. A quantos quilômetros daqui está essa pessoa?

– Não interessa a distância. O importante é a mensagem que podemos receber pelo telefone.

– Uma mensagem que chega por um aparelho desses não pode ser importante.

– Como você sabe?

– Se fosse tão importante assim, a pessoa teria vindo aqui falar com você. Como eu estou fazendo.

– Isso não tem nada a ver. Ela pode estar muito longe, sem conseguir chegar a tempo de dar o recado que deseja, com a devida urgência.
– Você não tem clientes fora da cidade e toda a sua família mora no mesmo bairro. Esse risco é igual a zero.

– Está enganado. Posso ter sido, enfim, descoberto pelo mundo. As melhores oportunidades surgem quando menos se imagina. O meu potencial está espalhado por aí, a minha vocação é para a fama. Sou inteligente, bonito, sagaz. A Europa quer exemplos de vida assim. O Japão, a China. É possível que seja uma ligação da Austrália, eu vou atender agora!

– Para te ligar da Austrália só se for um canguru. Os australianos estão preocupados com outras questões. Vamos continuar a reunião.

– O telefone parou de tocar! O telefone parou de parou de tocar! Eu não acredito! Quem terá ligado?

– Isso é para aprender a valorizar as pessoas ao seu lado, cada momento que está vivendo. Sentir a essência humana, as emoções, a alma dos seres vivos que estão próximos. Tornar-se um homem mais compreensivo, senhor da sua realidade e do seu tempo. Você não pode se deixar escravizar por um negócio desses. Onde já se viu? Pessoas que nem estão nesta sala. A filosofia oriental explica que...

– Está tocando de novo! Eu vou atender, eu vou atender...

– Não vai, não. Tenho uma reunião em meia hora. Vamos voltar logo ao assunto. Hoje o dia está cheio.

– Você não vai me impedir de atender.

(o homem que desejava atender – sim, ele estava incontrolável – tira o telefone sem fio do gancho e sai correndo para a sala ao lado, mas volta rapidamente. Aquele que ficou esperando é o primeiro a retomar a conversa)

– Quem era?

– Engano.

Foto do leitor

Envie a sua foto de janela para olhanajanela@gmail.com. Não se esqueça de escrever o nome completo do autor do clique e, se possível, a data de quando a imagem foi registrada (dia/mês/ano ou mês/ano). Caso a foto tenha alguma história, fique à vontade para contar.

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O ângulo foi observado no fim da tarde de um desses domingos de novembro, pouco antes do encontro de um bloco tradicional de Maracatu e outro de Frevo, em Olinda, Pernambuco.

– A tranqüilidade da cena não durou muito. Pouco depois de eu tirar a foto, um dos blocos surgiu, a bagunça se instalou e a calma imagem dessas janelas desapareceu, contou o leitor Celso Nesanelowicz, autor do registro.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Mensagens



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é uófi céuindo vai vai - jogos dois reais - éu coréu - baile da terceira idade é dez - dois por arroz - fotos por tradição - gentileza sem complicação - gentileza gera dinheiro fácil - lapa vai graxa leopoldina - belas recepcionistas pra viagem - quilo mais barato - compro carro das mulheres - trigésimo aterro - dez a sexta - cinco merréis caseiros - tem troco pra nota de presidente - traz a pessoa amada em domicílio - pessoas - desembarque em três dias - respeito cópia - pra agora ou expulsa cederrum devedê das internet - saco e mão - só jesus depois das catorze horas - programa cinqüenta ta difícil - polícia põe bandido no pé - onde é a greve - comida station - carioca natural - ouro é bom e elas merecem - fla x flu mata rato - sessenta anos de salgado pra mim - via central com final eletrizante - diplomata compra um brasileiro - avenida olha o rapa chumbinho estacionamento que garantiu nossas fronteiras - doces tíquetes - de segunda - no dez - estamos em sombrinha - rio branco - limpa o demônio – aceitamos tudo - escrevo seu nome com defeito - só trocamos andar madame – cinqüenta vargas

de segunda a quilo - carro das amada - pra agora ou pra pessoa - pé e nota de cinqüenta - mais barato gentileza ta difícil - mão depois das rio branco horas - polícia põe diplomata no respeito - onde é bandido a presidente vargas - vai céuindo éu coréu graxa - comida é bom - caseiros e elas merecem - sexta com final eletrizante - chumbinho mata arroz - via rato - compra um salgado pra avenida catorze - brasileiro expulsa o natural das cinqüenta pessoas - demônio doces – internet que garantiu nossas fronteiras - estacionamento - trigésimo saco - estamos em desembarque - olha o aterro - rapa tudo - aceitamos tradição - escrevo seu nome no fla x flu - só trocamos com cederrum recepcionistas defeito - baile vai andar - é uófi é dez - jogos da terceira idade devedê - vai tíquetes - sombrinha programa - dez madame sem complicação - dois por leopoldina - dinheiro fácil - greve gera gentileza - central dez - merréis reais dois por - só jesus station - compro domicílio - limpa carioca - mulheres em ouro - cinco cópia - tem troco pra mim - traz a lapa em três viagem dias - sessenta anos de belas fotos

de segunda de cinqüenta - carro a quilo - pra agora ou das amada - diplomata no pé pra pessoa - mais barato mão - depois das polícia rio branco - põe respeito é graxa - onde bom é bandido a presidente sexta - vai ta mata difícil céuindo - comida e nota coréu - caseiros recepcionistas e merecem - gentileza com chumbinho eletrizante - final arroz - aceitamos vargas - escrevo seu horas nome no tradição - só fla x flu com elas cederrum – baile defeito - é vai uófi é dez - jogos andar programa devedê - vai da idade eu merréis - sombrinha sem - dez trocamos madame - dois por salgado - dinheiro pessoas tíquetes expulsa complicação - estamos em rato - compra um saco pra dez catorze – brasileiro fácil terceira o natural demônio - via doces de belas internet – das em ouro cinqüenta leopoldina nossas - gera tudo estacionamento - trigésimo que garantiu - por desembarque - olha o station – rapa aterro domicílio – greve jesus carioca - gentileza central - reais - só troco cópia - compro avenida - limpa dois - mulheres fotos – cinco anos - tem pra mim - traz fronteiras em três viagem dias – sessenta a lapa

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A foto é do Edifício Sede da Caixa Econômica Federal, no Centro do Rio de Janeiro.

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Mensagens II

As cidades transmitem uma série de mensagens que, no cotidiano atribulado, nem temos tempo de perceber. Ou, de tanto que percebemos, penetra nos recônditos mais profundos do nosso cérebro, não saindo dali por nada. O sistema de transporte subterrâneo do Rio de Janeiro é uma excelente fonte desse tipo de mensagem.

A mais nova expressão é apresentada, justamente, nas roletas das estações: “Insira cartão na fenda”. Trata-se da orientação sobre onde o passageiro deve depositar o bilhete da passagem, agora um cartão plástico. Morador do Rio ou não, você também deve ter a sua frase urbana preferida. Envie a expressão para olhanajanela@gmail.com.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Janelas e perguntas vão se abrindo


Alguns leitores encaminharam questões relacionadas a janelas. O site Olha na Janela não necessariamente aborda o assunto janela em seus posts. No entanto, como as indagações enviadas podem trazer situações comuns a outros leitores, publico as perguntas recebidas, com as respectivas respostas.

- Meu pai reclama quando ligo o ar-condicionado do quarto e deixo a janela aberta. Não posso contribuir assim para o resfriamento do planeta? (Otto Gustavo – Rio de Janeiro)
- Prezado Otto. A menos que você transforme o seu apartamento na floresta amazônica. Para isso, cultive uma vitória-régia no vaso sanitário, crie passarinhos na sala e espalhe alguns animais silvestres pelo corredor. Permita a passagem também da umidade trazida pelas correntes que sopram da sua cabeça de vento. Pelo teor da pergunta, vejo que a matéria orgânica depositada no banheiro de casa está sendo reaproveitada, tornando-se disponível na mesa do jantar. Você está no caminho certo.

- Minha janela se recusa a enrolar na toalha, quando sai do banho. Isso gera constrangimentos. Como resolvo o problema? (Leandra Roberta – Macapá)
- Prezada Leandra. Experimente lhe ceder uma cortina.

- Tive inúmeros prejuízos com a atual crise financeira. Poderia contar sobre as brigas com minha esposa, mas isso é muito pessoal. Essa parte pula. Poderia contar sobre os impropérios que disse ao meu melhor amigo. Mas, pelos mesmos motivos, essa parte pula. Se eu te contasse o que faria para me livrar de todos esses problemas, você nem acreditaria. Essa parte pula. Já não tenho mais nada além do meu apartamento no 30º andar e minhas janelas. O que você me recomenda? (Ricardo Augusto – São Paulo)
- Prezado Ricardo. A julgar por algumas de suas frases, é melhor você manter as janelas trancadas.

- Calço número 37, moro no andar térreo e todo Natal ponho os sapatinhos na janela, mas Papai Noel não deixa presentes. Em contrapartida, meu vizinho sempre aparece de calçados novos no reveillon, muito parecidos com o par que deixei na janela. O que você pode concluir com isso? (Leovegildo Thiago – Recife)
- Prezado Leovegildo. Posso concluir que seu vizinho também calça 37.

- O parapeito da janela de casa amanheceu amamentando um cabrito. Minha esposa acha que a janela teve um filho comigo e que estaríamos escondendo a criança. Será necessário fazer exame de DNA para reconhecer paternidade? (Reginaldo Maurício – Cuiabá)
- Prezado Reginaldo. Não será. Garanto que, nesse caso, o descuido foi do leiteiro.

- Os EUA acabaram de eleger o primeiro presidente negro de sua história. Algum dia o país elegerá um presidente janela? (Jennifer Wellfare – Ohio)
- Dear Mrs. Wellfare. A América é uma democracia. Com certeza, as portas da Casa Branca também estão abertas para as janelas.

- Meu filho tem cara de janela e sofre preconceito dos coleguinhas na escola. É caso médico? (Romilda Gonçalves – Salvador)
- Prezada Romilda. Não, é de marcenaria mesmo.

- Ouvi dizer que minha mulher estava me traindo com uma janela. Como posso conseguir o flagrante? (João Adolfo – Rio Branco)
- Prezado João. Tem certeza de que era uma janela?

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Olha no Orkut

Você está convidado a participar da comunidade do site Olha na Janela no orkut. Acesse: http://www.orkut.com.br/Main?cmm=78082817#Community.aspx?cmm=78082817
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Post Anterior

A janela publicada no post anterior foi enviada pelo leitor Igor Gak, e está localizada em Cairo, no Egito.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Um próton


Eriberto se sentiu um próton. Há pessoas que se sentem faraós do Egito, outras um grande mercador da Pérsia antiga. Algumas não vão tão longe. O filho do meu porteiro quando joga futebol se acha o Ronaldinho Gaúcho. Conheço uma senhora que, ao cantar, pensa ser Edith Piaf. Se errar a letra, desculpa-se em francês, pardon. E emenda dois pigarros. A filha, sempre de nariz em pé, aposta que é a encarnação de Cleópatra no calçadão de Ipanema.

Eriberto, não. Da última vez que entrou no metrô do Rio, sentiu-se um próton. A esposa descobriu e ralhou: – Que ambição na vida pode ter um próton? A conta de luz está atrasada, cortaram o telefone ontem e você ainda me vem com essa? Eu me sinto uma palhaça.

Esposa palhaça, Eriberto próton. A sogra foi ter com ele uma conversa: – Nessas condições anormais de temperatura e pressão, ou você se sente, no mínimo, um gás nobre, ou separa da minha filha. Eu já não tenho mais estrutura física e emocional para suportar uma situação dessas! Onde já se viu homem pensar tão pequeno!? Não me faça de mosca morta!

Eriberto próton, esposa palhaça, sogra mosca morta. De nada adiantou. Era próton pelo mesmo motivo que azul não é verde e caneta não é lápis. Quando ele chegou outra vez de manhã cedo à estação do Largo da Carioca, foi cuspido do metrô lotado para nunca mais ser visto.

Sob efeitos de um porre de globalização, tomado no dia anterior, sofrera as ações do gigantesco acelerador de partículas construído na fronteira entre Suíça e França. O engenhoso invento, que movimenta prótons em alta velocidade e estabelece as conjunturas de um big bang em menores proporções, levou o rapaz para outra galáxia - só quem já esteve na estação do Largo da Carioca sabe. E Eriberto se perdeu para sempre no universo que ele mesmo criou.

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Janelas francesas

O que está acontecendo nas janelas de Paris? O leitor João Carlos Aranha enviou um site que permite espiar e descobrir o que ocorre por lá. Acesse em http://www.hyper-photo.com/grandes/paris.html.

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Post Anterior

A foto do post anterior é um registro das janelas do Edifício Avenida Central, tradicional prédio localizado no Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Desconstrução




As linhas cinzas da modernidade reta viciam o olhar do ser urbano. Não há espaço para a curva ou o desvio do percurso. Constrói o concreto cada vez mais, desconstrói o olhar cada vez menos. Tudo passa a ser uniforme e constante.


Então, a náusea da rotina alcança o cotidiano. Os dias seguem aquecidos, como bate-estaca do operário, bate-estaca do operário, bate-estaca do operário. No ritmo do som suado e ininterrupto do martelo que acerta a cabeça aguda de um prego. No longo ranger da britadeira, que mói áspera o asfalto, as pedras portuguesas, a tolerância dos tímpanos.


Estão fabricando a cidade. Estão domesticando o homem. O seu olhar será conduzido pelas linhas a algo. Ainda não se sabe o quê. As placas das ruas e os sentidos da vida o conduzirão a algum lugar. Ainda não se sabe aonde. A interatividade off-line ou os sites de relacionamento na internet o levarão a alguém. Ainda não se sabe quem. O seu objetivo será alcançado. Ainda não se sabe quando. Nesse meio tempo, vai surgir uma grande idéia. Qual?

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Foto anterior

Para satisfazer a curiosidade, a foto do post anterior foi tirada no mês passado, na Cinelândia. De fato, não me recordo o número do prédio, mas é bem próximo ao Cine Odeon.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Olha na janela



No início do século XX, os vizinhos conversavam uns com os outros das janelas de suas respectivas casas. Era afastar a cortina, levantar o vidro, debruçar-se sobre o parapeito e contar ou ouvir as novidades. Hoje há pessoas que continuam a fazer isso, embora as janelas mais comuns sejam as dos programas de computador.

Basta ligar o equipamento, acessar o software de troca de mensagens, debruçar-se sobre o teclado e pronto. Você conversa com o vizinho, não importa se ele mora no seu prédio ou lá para os lados do Japão.

A idéia de criar este blog surgiu após o trabalho final de um curso básico de fotografia realizado no Ateliê da Imagem, cujo tema foi Janelas. A cada semana, será publicada a foto de uma janela (ou um conjunto delas) e um texto correspondente.

Pelas janelas, a gente faz mais do que conversar. Conhece o mundo, admira, grita, fica impressionado, testemunha, descobre segredos, observa, leva sustos, esconde, revela, joga a chave, joga a bola, arremessa gaivota de papel.

Olha na janela e depois venha correndo conferir o nosso blog!