As linhas cinzas da modernidade reta viciam o olhar do ser urbano. Não há espaço para a curva ou o desvio do percurso. Constrói o concreto cada vez mais, desconstrói o olhar cada vez menos. Tudo passa a ser uniforme e constante.
Então, a náusea da rotina alcança o cotidiano. Os dias seguem aquecidos, como bate-estaca do operário, bate-estaca do operário, bate-estaca do operário. No ritmo do som suado e ininterrupto do martelo que acerta a cabeça aguda de um prego. No longo ranger da britadeira, que mói áspera o asfalto, as pedras portuguesas, a tolerância dos tímpanos.
Estão fabricando a cidade. Estão domesticando o homem. O seu olhar será conduzido pelas linhas a algo. Ainda não se sabe o quê. As placas das ruas e os sentidos da vida o conduzirão a algum lugar. Ainda não se sabe aonde. A interatividade off-line ou os sites de relacionamento na internet o levarão a alguém. Ainda não se sabe quem. O seu objetivo será alcançado. Ainda não se sabe quando. Nesse meio tempo, vai surgir uma grande idéia. Qual?
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Foto anterior
Para satisfazer a curiosidade, a foto do post anterior foi tirada no mês passado, na Cinelândia. De fato, não me recordo o número do prédio, mas é bem próximo ao Cine Odeon.
2 comentários:
Ótimo texto. É perto do meu trabalho!!!!!
Bjs
Adorei a proposta do site, muito interessante...já sou fã...bjs.Dany Benaion
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